Gabriel reviewed Walden Two by B. F. Skinner
Review of 'Walden Two' on 'Goodreads'
3 stars
O livro pode ser dividido em três partes: argumentos para a factibilidade econômica, exemplos de mecanismos de condicionamento em escala sociais e finalmente um questionamento sobre a ética de se realizar condicionamento.
A proposta de novo mundo feita pelo skinner tem 2 prerrogativas interessantes. A primeira é a engenharia de comportamentos, que é um sistema pelo qual psicólogos desenham tarefas para e ensinar e condicionar as pessoas de forma a extinguir comportamentos negativos, como uma terapia amplamente empregada através do sistema de ensino e do trabalho. Essa prerrogativa é o foco do livro.
Outra prerrogativa é a heteronomia baseada em conhecimentos técnicos. O protagonista propõe uma organização baseada em ciência e decisão fundamentada em técnica e dados. Ou seja, extinguir os achismos das decisões. O primeiro passo para isso é acabar com a democracia representativa que na pratica não significa nada, pessoas que ignorantes escolhendo uma minoria também ignorante (ou …
O livro pode ser dividido em três partes: argumentos para a factibilidade econômica, exemplos de mecanismos de condicionamento em escala sociais e finalmente um questionamento sobre a ética de se realizar condicionamento.
A proposta de novo mundo feita pelo skinner tem 2 prerrogativas interessantes. A primeira é a engenharia de comportamentos, que é um sistema pelo qual psicólogos desenham tarefas para e ensinar e condicionar as pessoas de forma a extinguir comportamentos negativos, como uma terapia amplamente empregada através do sistema de ensino e do trabalho. Essa prerrogativa é o foco do livro.
Outra prerrogativa é a heteronomia baseada em conhecimentos técnicos. O protagonista propõe uma organização baseada em ciência e decisão fundamentada em técnica e dados. Ou seja, extinguir os achismos das decisões. O primeiro passo para isso é acabar com a democracia representativa que na pratica não significa nada, pessoas que ignorantes escolhendo uma minoria também ignorante (ou você acha que vereadores são capacitados para tomar decisões sobre todos os assuntos da cidade?). As decisões devem ser tomadas por quem tem a competência técnica, o achismo deve ser extinguido.
Acho que a faceta mais interessante do livro é o pragmatismo. O protagonista enfrenta argumentações que apelam para injustiça, falta de liberdade e infelicidade como consequência do sistema que ele propõe. Mas ele não só propõe como implementou, e é capa de mostrar os resultados positivos na população, seja em seu comportamento seja nas suas expressões nas horas de lazer. O livro mostra que se você chega num resultado prático, de que interessa os valores morais imateriais, subjetivos a ponto de nem mesmo poderem ser verificados, como a liberdade (posta desse jeito, inespecífica)?
Li recentemente A República de Platão e pude fazer análogos bem frescos na minha memória. Frazier, o engenheiro de comportamento protagonista do livro, propõe técnicas da psicologia para resolver o problema que Platão sugere resolver com eugenia: fabricar uma raça de pessoas pertencentes ao estado, que tem sua reprodução controlada e não conhece seus familiares, forçada a treinar desde criança nos tópicos que o Platão acha necessário para serem exemplos morais e supercapazes de resolver os problemas da sociedade, seja na guerra ou na paz (administração). Esse ponto é bem distoante, mas a defesa ética dessa decisão e a sugestão de um mecanismo de organização social que não seja a democracia são idênticas.
Por fim, aponta-se que a resolução ética é dependente da crença em livre arbítrio, é ela quem define qual caminho é ético, o do condicionamento e da heteronomia ou da liberdade etérea e inefável.
Porém eu tenho grande discordância, a resolução ética está exclusivamente no que podemos observar. Se a vida for melhor nesse sistema, o dilema esta resolvido. Temos apenas que definir os parâmetros para medir essas vidas em uma escala.
Somos hoje condicionados e controlados por organizações sociais, principalmente pela mídia. Se pudermos nos condicionar para fazemos de nos mesmos o que queremos enquanto dos livramos do condicionamento que nos é imposto para atingir os objetivos de outras pessoas, já está ganha a batalha. Esse é um parâmetro que eu escolheria para fazer a escala de medir as vidas.